É com muita alegria que uso esse espaço pela última vez como presidente do Conselho de Administração da ABIMAQ/SINDIMAQ, após 69 editoriais. Aproveito para reiterar o meu compromisso com o setor de máquinas e equipamentos e deixar claro que a luta continua e que continuarei olhando para todas as questões do nosso setor junto com o novo presidente do Conselho de Administração, Gino Paulucci Jr.
No campo econômico, temos que ressaltar um fato importante. O desempenho do setor tem ficado, ao longo dos últimos quatro anos, acima do crescimento do país, de forma sistemática. Assim, para um acumulado do PIB, da ordem de 3,6%, no período 2018 a 2021, o setor representado pela ABIMAQ cresceu, nada menos, que 37%, ou seja, 10 vezes mais do que o Brasil.
Neste período, apesar do baixo crescimento econômico do país, o câmbio mais competitivo e a queda dos juros, junto com a recuperação do setor mineral e da construção civil e, principalmente, a pujança do agro, foram os fatores que sustentaram a demanda de BKs, ajudada pela substituição das importações, facilitadas pelo câmbio depreciado e pelas dificuldades do “global sourcing”.
Apenas para citar um exemplo, a venda de máquinas agrícolas mais que dobrou, entre 2018 e 2021, o que mostra que nosso crescimento
embora disseminado, foi muito desigual entre os setores da Casa. E, a bem da verdade, cerca de 60% deste crescimento ocorreu em 2021, não por acaso depois de quase um ano com a Selic a 2%, e com um câmbio médio ao redor de 5,40 R$/US$.
Isto confirma, mais uma vez, a importância de poder contar com um câmbio competitivo, e pouco volátil, bem como com juros reais baixos, algo que nós defendemos, há tempo, como prioridades. Nesta ocasião, vale a pena lembrar as principais bandeiras da ABIMAQ, objeto da maior parte do trabalho político da Casa, tanto diretamente, como através de nossa frente parlamentar.
"Para um acumulado do PIB, da ordem de 3,6%, no período 2018 a 2021, o setor representado pela ABIMAQ cresceu, nada menos, que 37%, ou seja, 10 vezes mais do que o Brasil."
Nos seis anos de nossa gestão, as principais bandeiras, pelas quais trabalhamos intensamente, foram a reforma tributária e a redução sistemática do “custo Brasil, buscando a competitividade da indústria brasileira, com apoio à agenda de melhoria de negócios e do ambiente
jurídico do País.
Mas o trabalho não ficou restrito às pautas prioritárias, e a Casa lutou, ao longo deste período, para defender os legítimos interesses dos fabricantes de bens de capital em temas como alíquotas de importação, o uso e abuso dos “extarifários”, a defesa comercial, o esvaziamento
do BNDES, o financiamento às exportações, desoneração da folha e tantos outros assuntos que mereceram de nos um cuidado especial.
Tendo em vista as próximas eleições a ABIMAQ atualizou sua agenda que cobre as principais demandas do setor, preparando um documento, nomeado de “Reconstruindo a Indústria” que atualiza e elenca os temas de maior interesse de nossos associados, que vão desde a melhoria do ambiente de negócios, o que inclui a reforma tributária, e a defesa de maior participação da indústria de transformação no PIB, até maior presença da indústria brasileira no mercado internacional.
Todos estes temas serão objeto de um atento acompanhamento nos próximos quatro anos, por parte da entidade, partindo da óbvia constatação de que a indústria somente poderá crescer se o Brasil crescer de forma sustentada, e, simultaneamente, passar a eliminar
suas ineficiências sistêmicas, para aumentar a competitividade da produção dos bens e serviços nacionais, a ABIMAQ não deve se restringir
à defesa de interesses mais imediatos, mas também passar a defender políticas públicas de desenvolvimento.
Ou seja, a Casa deve passar a se posicionar em relação aos graves problemas que, há tempos, afligem os brasileiros, oferecendo sugestões
ao governo e à sociedade para que, através do crescimento da indústria e geração de novos empregos, possa ocorrer o enfrentamento de
dificuldades como fome, desemprego, desigualdade social, dificuldade no acesso às oportunidades, baixa mobilidade social e serviços públicos
deficientes.
Ao se alinhar com os anseios dos brasileiros, a ABIMAQ ganhará legitimidade para propor caminhos para a retomada do crescimento sustentado,
com distribuição de renda, e, este caminho passa obrigatoriamente por um novo ciclo de industrialização. Neste conceito, a indústria não é
mais um fim em si mesmo, e sim, o melhor meio para a retomada do desenvolvimento.
João Carlos Marchesan é administrador de empresas, empresário e presidente do Conselho de Administração da ABIMAQ
Esta inversão de prioridade, passa a legitimar as demandas da indústria que deixam de ser corporativas, e se tornam essenciais, por ela ser o mais eficiente instrumento para retomar o crescimento do país, para criar empregos de qualidade, para permitir ganhos de produtividade
e para levar o Brasil de volta ao caminho para se tornar um país desenvolvido.
