O setor de máquinas e equipamentos registrou um faturamento de R$ 222,4 bilhões no ano passado. O resultado representa um incremento de 21,6% na comparação com 2020. Os dados são da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (ABIMAQ).
A variação positiva registrada está atrelada, principalmente, ao aumento das vendas no mercado interno (25,3%), principal responsável pelo crescimento do setor. Isso porque, conforme explica o presidente-executivo da ABIMAQ, José Velloso, a alta de 34,2% no volume de exportações representa a retomada aos patamares anteriores à pandemia da Covid-19 e não deve ser visto como um aumento real de vendas.
Apesar de não divulgar o recorte com os dados estaduais, Velloso afirma que Minas Gerais acompanha, com dinamismo, as tendências de crescimento do levantamento, uma vez que os setores que contribuem com os resultados nacionais, como a siderurgia e a infraestrutura, estão em bons momentos no Estado.
Cenário ideal
A explicação para o bom desempenho está em uma série de fatores que, juntos, contribuíram para os resultados gerais. Em primeiro lugar, de acordo com José Velloso, está a valorização das commodities brasileiras.
“O setor de papel e celulose nunca investiu tanto como está investindo agora. Além disso, outros responsáveis por acelerar o crescimento da indústria de máquinas foram a siderurgia, com a produção de alumínio, aço, cobre, além daqueles responsáveis por materiais como o plástico e o papelão”, elenca o presidente-executivo da ABIMAQ.
Ainda de acordo com Velloso, o agronegócio foi o segundo setor que mais contribuiu para o crescimento, sendo que a demanda por máquinas no campo chegou a crescer até 50%, principalmente impulsionada pelos cultivos de algodão, café, milho e soja.
As commodities minerais seguem a lista de fatores que impulsionaram o mercado de máquinas e equipamentos. Os investimentos em infraestrutura, puxados por leilões e concessões de rodovias, ferrovias e aeroportos e nas áreas de saneamento e geração, transmissão e distribuição de energia também figuram como propulsores das vendas da indústria de máquinas.
Fator câmbio
Angariado à desenvoltura desses setores e da construção civil, está o movimento na taxa de câmbio. “Esse é o fator mais importante. O real desvalorizou e a indústria ganhou mais competitividade por causa do câmbio. E o cenário trouxe outra novidade, outro componente: o custo dos fretes, que chegaram a encarecer de 300% a 370%. Além disso, ainda houve um problema sério que foi a redução de linhas marítimas para o Brasil”, explica o presidente da ABIMAQ.
Essa conjuntura formada pelo câmbio e o frete foi a responsável por dificultar a importação de máquinas e equipamentos. De olho nisso e na escassez de produtos em escala mundial, ainda segundo o presidente da Associação, vários setores da economia passaram a substituir bens importados por aqueles nacionais.
Ele destaca, por exemplo, a indústria automotiva, que aumentou os investimentos na substituição de produtos importantes e conquistou mais independência frente à utilização de componentes produzidos no Brasil.
Projeções
Para 2022, a ABIMAQ espera obter, novamente, resultados positivos e que indicam o crescimento do setor. A estimativa é que haja um crescimento de 6% no faturamento líquido do mercado. O aumento de vendas, no mercado interno, é previsto em 3%. Já no que diz respeito às exportações, a projeção é de alta em 15,6%.
Dado relevante é que, de acordo com pesquisa realizada pela entidade entre dezembro e janeiro, as empresas do setor afirmaram que pretendem investir R$ 15,4 bilhões na modernização tecnológica de seus parques industriais, na ampliação da capacidade industrial e, ainda, na reposição de máquinas depreciadas.
Fonte: Diário do Comércio - MG