São Paulo - O cenário para o setor de máquinas em 2022 está dividido: para o segmento de máquinas rodoviárias e de construção a expectativa é de alta de 15% a 20% ante 2021. Para o segmento agrícola a projeção mais otimista é de um resultado igual ao de 2021.
Essas são as projeções de Alexandre Bernardes, presidente da Câmara Setorial de Máquinas Rodoviárias da ABIMAQ, e de Pedro Estevão Bastos de Oliveira, presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas da ABIMAQ, que participaram do primeiro dia do Congresso AutoData Perspectivas 2022, realizado de forma online na segunda-feira, 18, e que vai até a sexta-feira, 22.
A maior demanda por máquinas rodoviárias e de construção será puxada pelos leilões e pelas concessões de rodovias e de ferrovias realizadas pelo governo em 2020 e 2021, que começarão a gerar faturamento para as empresas do setor. Também é esperada a antecipação de compras por governos, inclusive municipais, por causa das eleições. Ainda assim Bernardes classificou 2022 como um ano desafiador:
"Temos que olhar com muita atenção para nossa cadeia de fornecimento, porque existem gargalos além dos semicondutores: fundidos, metálicos, resinas plásticas e pneus, sendo o último um gargalo notório que esperamos que as fabricantes consigam resolver em 2022. Acho que o foco no ano que vem precisa ser reequilibrar a cadeia global de suprimentos".
Já as empresas fabricantes de máquinas agrícolas deverão ver o mercado em desaquecimento no segundo semestre do ano que vem, movimento que continuará em 2023. Por isto Oliveira classificou o empate com 2021 como um resultado muito bom e lembrou que esse movimento é comum no setor agrícola, que vive de picos e vales em toda a sua história.
Para ele esse movimento não pode ser encarado como crise, mas, sim, como uma desaceleração do mercado: "Estamos no pico da demanda por causa do preço das commodities, que está em alta, e da desvalorização do real, que aumentou a rentabilidade do agricultor para exportar. Este processo faz com que ele invista mais em máquinas para produzir. Quando os preços começam a recuar o movimento é reverso, e os especialistas indicam que isso acontecerá a partir do segundo semestre do ano que vem".
O tamanho dessa desaceleração é a pergunta fundamental que se faz e, segundo Oliveira, dependerá do recuo nos preços das commodities: se os preços continuarem em patamar alto essa desaceleração poderá ser menor, ou maior em caso de quedas maiores nos preços praticados pelo mercado.