O Brasil está diante de um desafio com o aumento recente das tarifas de importação de produtos industriais pelos Estados Unidos. Essa ação, chamada de “tarifaço”, afeta diretamente as exportações brasileiras.
Diante disso, é urgente que o Brasil persiga estrategicamente ganhos de competitividade no mercado global. O país precisa seguir com ações que visem diminuir suas vulnerabilidades, conquistar novos mercados e fortalecer sua indústria.
Apesar de nossos concorrentes estarem progredindo nas suas negociações com os EUA, o Brasil enfrenta a maior barreira entre as impostas aos países, além disso o país sofre historicamente com custos de capital altos e outros obstáculos que limitam a penetração de seus produtos nos demais mercados internacionais.
Para prosperar, o Brasil deve manter postura proativa, combinando medidas de promoção comercial, inovação e modernização produtiva, com combate aos altos custos e à concorrência desleal. O setor de máquinas e equipamentos é um exemplo emblemático. Nas últimas décadas, sua participação no mercado doméstico foi gradativamente tomada por bens importados e no mercado externo estabilizou em nível baixíssimo.
O resultado é preocupante: o setor perde espaço no próprio país e no exterior, enquanto enfrenta barreiras em mercados estratégicos como o norte-americano. Essa realidade mostra que medidas pontuais não bastam. O Brasil precisa de uma política pública estratégica de longo prazo, que integre política macroeconômica, industrial e comercial em prol do desenvolvimento econômico.
Modernizar processos produtivos e promover exportações devem ser prioridade de um projeto nacional de desenvolvimento. Se o Brasil não reagir, será apenas um comprador do mundo, abrindo mão de empregos, tecnologia e desenvolvimento industrial. O tarifaço dos EUA é um choque de realidade e, ou nos tornamos competitivos e buscamos inserção internacional, ou aceitaremos ser coadjuvantes.
A indústria de transformação no Brasil precisa buscar sua própria competitividade. Isso significa investir em inovação, em pesquisa e desenvolvimento, e na adoção de tecnologias de ponta, como a Indústria 4.0. A modernização do parque fabril e a qualificação da mão de obra são essenciais para aumentar a produtividade. A burocracia excessiva, o elevado custo do capital para financiamento, a alta carga tributária e a infraestrutura deficiente são gargalos que precisam ser enfrentados com prioridade.
O momento exige ação coordenada e estratégica. O Brasil deve defender seus interesses no cenário internacional e, acima de tudo, se concentrar em fortalecer sua própria indústria. O governo já deu passo importante com a NIB – Novo Indústria Brasil, estabeleceu, entre outras inúmeras ações, políticas que fomentam a inovação e a digitalização, uma forma importante de garantir que a indústria brasileira se modernize e se fortaleça, mas é preciso mais para restabelecer seu papel de pilar fundamental da economia brasileira.
É hora de agir com visão de longo prazo. O setor privado, o governo e o Congresso precisam trabalhar juntos para criar condições reais de competitividade e recuperar o protagonismo industrial do Brasil para, talvez, sair desse episódio, melhor do que entrou, com novas oportunidades e melhoria no fluxo de comércio para a indústria brasileira.
Gino Paulucci Jr. – Engenheiro mecânico, empresário e presidente do Conselho de Administração da ABIMAQ
