Vice-presidente da República destaca importância da política industrial para o crescimento econômico e a competitividade do Brasil no cenário global
O vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, foi o destaque do 9º Congresso da Indústria de Máquinas e Equipamentos, realizado pela ABIMAQ em São Paulo. Em seu discurso, Alckmin defendeu a reindustrialização do Brasil como caminho para o desenvolvimento sustentável, ressaltando a necessidade de políticas industriais robustas, focadas em inovação tecnológica e na transição energética.
“Gostaria de destacar a importância da ABIMAQ nas suas propostas e da indústria de máquinas, que é a indústria que faz o país crescer, a indústria do desenvolvimento”, afirmou.
O vice-presidente também mencionou a importância da Nova Indústria Brasil e falou sobre alguns programas que beneficiarão a indústria nacional, como o Brasil Mais Produtivo, voltado para melhorar a eficiência de pequenas e médias empresas, com um orçamento de R$ 2 bilhões e a meta de alcançar aproximadamente 300 mil empresas.
Além disso, mencionou a importância da Lei do Bem, que irá gerar R$ 5,5 bilhões em créditos tributários anuais, além da Lei da Informática e PADIS, com R$ 7 bilhões por ano de incentivos fiscais. “Isso traz previsibilidade e segurança para novos investimentos”.
Na sua visão, a simplificação trazida pela Reforma Tributária, que irá desonerar a indústria, reduzirá a cumulatividade de impostos e deverá estimular ainda mais investimentos e exportações. De acordo com Alckmin, os estudos do IPEA mostram que, em 15 anos, a Reforma pode aumentar o PIB em 12%, os investimentos em 14% e as exportações em 17%.
Em seu discurso, Geraldo destacou ainda a relevância do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) para o fortalecimento e competitividade da indústria nacional; o programa MOVER (Mobilidade Verde), com R$ 3,5 bilhões em créditos para a indústria automotiva, impulsionando a inovação e a descarbonização; a importância de pautas para o setor de máquinas e equipamentos, como a desoneração da folha de pagamento, e a depreciação acelerada para compra de máquinas e equipamentos, estimulando novos investimentos e modernização industrial; e anunciou o Reintegra de transição, com foco inicial em pequenas empresas, para incentivar a exportação.
“Quando tivermos a Reforma Tributária toda em vigência, não terá mais cumulatividade de crédito, mas até lá estamos trabalhando para fazer um Reintegra de transição, começando com as pequenas empresas”, explicou Geraldo Alckmin.
Política industrial, desafios e oportunidades
Além de Alckmin, o presidente do Conselho de Administração da ABIMAQ, Gino Paulucci Jr, abordou os desafios históricos enfrentados pelo setor industrial no Brasil como a falta de coordenação entre políticas industriais e macroeconômicas. Segundo Paulucci, embora o Brasil tenha lançado programas importantes ao longo das últimas décadas, como o Plano Brasil Maior e a Política de Desenvolvimento Produtivo, eles não conseguiram evitar a desindustrialização precoce do país.
“As políticas industriais anteriores focaram principalmente em incentivos e subsídios, mas sem uma conexão clara com ações macroeconômicas e sem metas definidas. Isso resultou em um processo de desindustrialização que ainda afeta o nosso desenvolvimento”, afirmou Paulucci, que também destacou a importância de seguir o exemplo de países desenvolvidos, que têm avançado em políticas industriais centradas na tecnologia e na transição energética.
Em relação à taxa de investimento, Paulucci chamou atenção para o baixo percentual de formação bruta de capital fixo no Brasil. “A taxa de investimento no segundo trimestre foi de 16,8% do PIB, muito abaixo do necessário para sustentar um crescimento de 5% ao ano. Estudos mostram que, para atingir essa meta, precisamos de uma taxa entre 24% e 25% do PIB”, explicou o presidente da ABIMAQ, reafirmando que, para que o Brasil atinja seus objetivos da neoindustrialização, é necessário que a indústria recupere o protagonismo como impulsionador de serviços sofisticados, sustentando o crescimento de novas bases.
Políticas Públicas
O deputado federal e presidente da Frente Parlamentas da Indústria de Máquinas e Equipamentos (FPMAQ), Vitor Lippi, também presente no evento, defendeu a importância de políticas industriais para o crescimento do Brasil, destacando que o país tem crescido abaixo da média mundial devido à desindustrialização acelerada.
Apesar disso, celebrou o aumento de legislações favoráveis à industrialização e à inovação no Brasil em 2024, destacando a retomada do Ministério da Indústria. Para Lippi, a Reforma Tributária será um dos primeiros passos para a criação de um ambiente de negócios mais favorável, mas precisa ser acompanhada por outras medidas, como a reforma administrativa, para reduzir o custo do Estado e liberar recursos para investimentos.
“Temos um ambiente produtivo para que possamos reduzir o Custo Brasil e melhorar a agenda que temos para a indústria nacional”, reforçou Lippi, citando o projeto de criação da LCD (Letra de Crédito de Desenvolvimento). “Nós já temos LCD do agronegócio e do setor imobiliário, e hoje eles movimentam mais de R$ 100 bilhões. Isso deverá acontecer também com a LCD, que será exclusivo para a indústria e para setores de desenvolvimento. Isso vai dar resultados daqui 1 ou 2 anos, quando teremos mais recursos no BNDES, que está ampliando o financiamento para a indústria”, explicou o deputado.
Expectativas para o futuro da indústria
O congresso da ABIMAQ, que reuniu grandes nomes do setor e do governo, debateu amplamente a necessidade de novas diretrizes para a indústria brasileira, com foco em inovação, sustentabilidade e competitividade. A adoção de políticas industriais com metas claras e alinhadas às necessidades do setor produtivo foi defendida por diversos palestrantes, com destaque para a transição energética e o desenvolvimento de tecnologias verdes.
O evento também abriu espaço para discussões sobre o futuro da indústria no Brasil, especialmente no que se refere ao papel da inovação tecnológica e da qualificação da mão de obra. “Precisamos aumentar o valor adicionado por trabalhador, o que exige investimentos em capital fixo, máquinas e equipamentos modernos, além da qualificação da nossa mão de obra”, explicou Paulucci.
A ABIMAQ reiterou seu apoio à adoção de políticas industriais que promovam o desenvolvimento sustentável e a modernização tecnológica do setor, e que estejam alinhadas com as diretrizes macroeconômicas e de comércio exterior do país, realçando a indústria como o motor do desenvolvimento brasileiro, impulsionando a economia e contribuindo para o crescimento sustentável.