O setor de máquinas e equipamentos projeta crescimento em torno de 4% no próximo ano. Esta elevação se dará sobre o bom desempenho de 2021, que a ABIMAQ - Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos prevê encerrar com alta acima de 20% sobre o faturamento do ano passado.
A entidade trabalha com expectativa de aumento do PIB de 1% em 2022, embora reconheça que existam avaliações divergentes sobre o crescimento da economia brasileira, inclusive alguns analistas que estimam um PIB negativo para o próximo ano. “Não vemos um quadro tão negativo assim e, dentro dessa perspectiva, projetamos um crescimento ao redor de 3,6%”, afirmou Cristina Zanella, diretora-executiva de Economia e Estatística da entidade.
Cristina lembra que a indústria de máquinas e equipamentos registrou em 2021 um crescimento acima da expectativa do setor, mais do que o dobro do previsto no início do ano. “Na verdade, até o mês de outubro o crescimento (sobre 2021) é de 25%, mas como os meses de novembro e dezembro costumam ser mais fracos por fatores sazonais, nossa previsão é de encerrar o ano com crescimento acima de 20%”, diz, lembrando que esse aumento se dá sobre uma base fraca.
O que não quer dizer que não considere este número expressivo, em especial porque o setor vem de vários anos de retração. A diretora lembra que o faturamento registrado em 2017 foi 40% abaixo da média do apurado entre os anos 2010-2013. “Em 2021, que desde o início se manteve num novo patamar, conseguimos recuperar parte das perdas dos últimos anos. Com o desempenho deste ano, essa perda caiu para 23%”, informa. O setor inclusive conseguiu recuperar grande parte das perdas em postos de trabalho: no ano o setor contratou 42 mil profissionais.
De acordo com Cristina, a recuperação relativamente rápida do setor após o início da pandemia se deve em grande parte aos setores ligados às commodities, que cresceram muito rápido e demandaram investimentos. As vendas de máquinas agrícolas, por exemplo, cresceram 44% até outubro, enquanto as da linha amarela (máquinas rodoviárias e de construção) tiveram alta de 72%. Esses dois segmentos tiveram papel importante no impulsionamento dos negócios de outros segmentos industriais ligados à entidade, como componentes, motores, válvulas, hidráulica e pneumática, máquinas-ferramenta e equipamentos para a área de qualidade.
Ainda segundo Cristina, o setor também foi beneficiado pela valorização do dólar, que encareceu os bens importados, abrindo espaço para os fabricantes locais no mercado nacional, ao mesmo tempo em que aumentou a competitividade dos produtos brasileiros no mercado externo - cerca de 50% dos associados da entidade são exportadores. De janeiro a outubro as exportações de máquinas e equipamentos cresceram 31,1%.
Outro fator que contribuiu para os negócios foi a área de infraestrutura, em especial com as concessões, e outros projetos, como os da área da indústria de papel e celulose. “São fatores que devem ter continuidade em 2022 e que vão demandar máquinas e equipamentos. Além disso, nossa carteira de pedidos está 25% acima da que tínhamos em 2021 no mesmo período”, diz, frisando que isto oferece a perspectiva que continuar crescendo em 2022, assim como as previsões de que o dólar se manterá acima de R$ 5 no próximo ano.
BALANÇO DE OUTUBRO - Em outubro, a receita líquida do setor registrou queda na comparação mensal e - pela primeira vez após 15 meses consecutivos de crescimento se observou queda - também na comparação interanual, de -2,2%. Com este resultado, de janeiro a outubro a indústria brasileira de máquinas e equipamentos passou a acumular crescimento de 25,4% (contra os 29,5% de setembro).
As exportações do setor, no mês, registraram queda de -10,5%, mas seguem em trajetória de recuperação na comparação com o ano de 2020. Em outubro, frente ao mesmo mês do ano anterior, o incremento das vendas externas foi de 31,6%, sétimo seguido neste tipo de comparação, elevando o resultado acumulado no ano em 31,1%.
Já importações tiveram queda em outubro de -2,0% na comparação com setembro, mas crescimento na comparação com outubro de 2021, de 43,5%. Assim, no ano, o crescimento acumulado subiu de 22% até o mês de setembro para 24% em outubro de 2021. Quase 70% do aumento observado nas importações, na comparação interanual (+43,5%), foi relacionado à aquisição de máquinas para a indústria de transformação e componentes para bens de capital.
Fonte: Usinagem Brasil