O desempenho de outubro de 2025 confirmou a tendência de desaceleração já observada nos meses anteriores. A política monetária contracionista, somada ao aumento dos custos de importação e às incertezas no mercado global, impactou diretamente a receita líquida de vendas e o consumo aparente do setor. Apesar disso, algumas áreas mantêm trajetória positiva, como exportações específicas e segmentos de máquinas agrícolas.
Em outubro, a receita líquida total da indústria de máquinas e equipamentos alcançou R$ 26,5 bilhões, queda de 5,6% em relação a outubro de 2024. O consumo aparente foi de R$ 34,3 bilhões, recuo de 10,7% frente ao mesmo mês do ano passado.
A receita líquida de vendas apresentou retração generalizada entre os principais segmentos, com quedas em máquinas para bens de consumo duráveis (-9,2%), infraestrutura (-6,1%), agricultura (-7,9%) e logística/construção civil (-23,3%). Apenas o setor de componentes teve desempenho positivo, com alta de 8,7%.
No mercado interno, o faturamento foi de R$ 19,7 bilhões, queda de 13,2% em relação a outubro de 2024. No acumulado de janeiro a outubro, o crescimento ainda é positivo (+12,7%), mas em desaceleração.
As exportações totalizaram US$ 1,26 bilhão, estáveis em relação a setembro (-0,5%), mas com forte alta de 33,6% frente a outubro de 2024. No acumulado do ano, o desempenho segue estável (-0,1%), sustentado pelo aumento das vendas para América do Sul, com destaque para a Argentina (+47,2%).
As importações, por sua vez, atingiram US$ 2,57 bilhões, queda de 11,4% frente a setembro, mas com alta acumulada de 9,1% no ano. O déficit da balança comercial do setor já soma US$ 12,9 bilhões em 2025.
O segmento agrícola registrou desempenho misto em outubro. A receita líquida foi de R$ 6,15 bilhões, queda de 7,9% frente a outubro de 2024. Nas vendas internas, o destaque foi para os tratores, que cresceram 47,8% em relação ao mesmo mês de 2024, somando 5.223 unidades vendidas. Já as colheitadeiras tiveram aumento de 32,9% nas vendas internas, mas retração nas exportações.
No acumulado do ano, o setor de máquinas agrícolas ainda registra expansão: alta de 22,7% nas vendas internas e de 18,8% no total de máquinas comercializadas.
A ABIMAQ continuará acompanhando de perto o desempenho do setor, reforçando a importância de medidas que impulsionem a competitividade da indústria nacional de máquinas e equipamentos.
Cristina Zanella - Diretora de competitividade, economia e estatística da ABIMAQ
