A receita líquida de vendas atingiu R$ 26,4 bilhões em junho, uma queda de 5,4% em relação a maio de 2025 (com ajuste sazonal). No entanto, a receita de vendas ficou 9,9% acima do resultado de junho de 2024. No acumulado do ano (janeiro a junho), o crescimento chegou a 14,8%, uma desaceleração em relação à taxa de 16% registrada em maio de 2025.
Esse desempenho positivo foi sustentado pelo forte avanço no mercado doméstico, cuja receita foi de R$ 20,6 bilhões em junho, uma alta de 8,8% em relação a junho de 2024. Em contraste, as exportações registraram crescimento de 6,3% em relação a maio de 2025.
O nível de utilização da capacidade instalada no setor de máquinas e equipamentos registrou queda de 1,4% em relação a maio, atingindo 77,7% em junho de 2025. A carteira de pedidos recuou 1,8% no mês de junho, após também ter recuado 1,8% em maio de 2025. Esta queda foi explicada pela piora nos setores de fabricantes de máquinas agrícolas e para infraestrutura.
O setor empregava 420 mil pessoas ao final de junho, um crescimento de 0,3% em relação a maio de 2025. Na comparação com junho de 2024, houve aumento de mais de 32 mil postos de trabalho, marcando o décimo primeiro aumento consecutivo nessa comparação. O movimento de contratações se deve exclusivamente ao setor de máquinas agrícolas, enquanto os demais setores da indústria de máquinas registraram queda na comparação com maio.
As exportações de máquinas e equipamentos registraram crescimento em junho de 2025, atingindo US$ 1.051,54 milhões. O desempenho foi positivo tanto na comparação mensal (6,3%) quanto interanual (14,5%). No ano (janeiro a junho), a taxa de queda das exportações, que até maio era de 7,7%, passou para 4,3% em junho. O desempenho mais fraco foi concentrado nos segmentos de máquinas para logística e construção civil, além de componentes e máquinas para a indústria de transformação.
Em contrapartida, houve crescimento nas exportações de máquinas para bens de consumo, especialmente alimentos e bebidas, e para madeira. As exportações de máquinas para agricultura também melhoraram no período de janeiro a junho. Em termos geográficos, as vendas para a América do Sul cresceram 14,7% e para a Europa, 9,4%. Já a América do Norte apresentou queda de 13,5%. A Argentina foi um destaque na América do Sul, com alta de 55,3%, impulsionada por máquinas para agricultura e construção civil. As exportações para o Chile (+12,1%) e o Peru (+18,5%) também se destacaram. As vendas para os Estados Unidos, que representam 26,6% das exportações do setor, caíram 12,1%, principalmente pela retração na demanda por máquinas agrícolas e para construção civil.
As importações somaram US$ 15,7 bilhões no acumulado do ano (janeiro a junho), o maior valor da história para o período. Esse valor é 10,8% superior ao registrado no mesmo período de 2024. A queda nos preços médios das máquinas importadas ao longo do ano (-5,6%) anulou parte da desvalorização do Real (13,2%) e viabilizou uma maior entrada de máquinas, em volume, no país (+17,2%).
O consumo aparente de máquinas e equipamentos registrou queda no mês de junho, encolhendo 4,4% em relação a maio (com ajustes sazonais). As importações representaram 46% do mercado nacional em 2025, ante 45,2% no mesmo período de 2024. A China seguiu como a principal origem das importações, com 32,1% do total e uma taxa de crescimento de 25,2% em relação a 2024. Em dez anos, a participação da China nas importações brasileiras quase dobrou, de 16,6% em 2015 para 32,1% em 2025.
A crescente penetração de máquinas importadas em diversos segmentos preocupa, sobretudo nos setores de infraestrutura e indústria de base, indústria de transformação e componentes, que apresentaram taxas de penetração superiores a 50%.
Apesar dos bons resultados no primeiro semestre, o setor deve enfrentar uma desaceleração no segundo semestre de 2025. As razões são múltiplas:
A base de comparação elevada, especialmente a partir do segundo semestre de 2024;
O impacto acumulado da política monetária restritiva, com juros ainda altos e crédito escasso;
A ABIMAQ continuará acompanhando atentamente os indicadores do setor e atuando de forma estratégica para impulsionar a indústria nacional. Reforçamos nosso compromisso com a defesa de políticas que estimulem a produção local, promovam a inovação e assegurem a geração de empregos qualificados.
Cristina Zanella
Diretora do Departamento de Economia e Estatística da ABIMAQ