Impulsionado pelo mercado interno aquecido e pelo aumento dos investimentos, o setor segue demonstrando resiliência.
A receita líquida de vendas atingiu R$ 27,4 bilhões em maio, um crescimento de 26,3% em relação ao mesmo mês de 2024. Em comparação com abril, o aumento foi de 3,7% (com ajuste sazonal). No acumulado do ano (janeiro a maio), o crescimento chegou a 15,9%.
Esse desempenho positivo foi sustentado pelo forte avanço no mercado doméstico, cuja receita foi de R$ 21,8 bilhões em maio - alta de 35,5% em relação a maio de 2024 e de 10,8% frente a abril (com ajuste sazonal). Em contraste, as exportações recuaram 5,9% em relação ao mesmo mês do ano anterior, totalizando US$ 989 milhões, e acumulam queda de 7,7% no ano.
O nível de utilização da capacidade instalada chegou a 78,9% em maio, uma alta de 1,8 ponto percentual frente a abril e 5 pontos em relação a maio de 2024. A carteira de pedidos, por sua vez, apresentou leve retração de 1,4% no mês, após crescimento de 3,9% em abril, refletindo principalmente o recuo nos segmentos de máquinas para construção civil e agrícolas.
O setor empregava 419 mil pessoas ao final de maio, um crescimento de 0,8% em relação a abril e de 8,3% frente ao mesmo mês do ano anterior. Este é o décimo aumento consecutivo nessa comparação anual, puxado pelos setores de máquinas agrícolas, construção civil, bens de consumo e componentes.
As exportações seguem em trajetória de retração. No acumulado de janeiro a maio, houve queda de 7,7% em relação ao mesmo período de 2024. O desempenho mais fraco foi concentrado nos segmentos de máquinas para logística e construção civil, além de componentes e máquinas para a indústria de transformação.
Em contrapartida, houve crescimento nas exportações de máquinas para bens de consumo (especialmente alimentos e bebidas), para madeira e também para o setor agrícola. Em termos geográficos, a América do Sul cresceu 10,3% (com destaque para a Argentina, com +54,3%), e a Europa, 8,4%. Já América do Norte apresentou queda expressiva de 18,9%, e os Estados Unidos, isoladamente, retraíram 18,3%. Destacam-se ainda os crescimentos relevantes da China (+90,8%) e dos Emirados Árabes Unidos (+121,2%).
As importações somaram US$ 13,1 bilhões no acumulado do ano - crescimento de 10,3% em relação ao mesmo período de 2024 e o maior valor da série histórica para o período. O aumento foi favorecido pela queda de 6% nos preços médios e pela desvalorização do real, que, apesar de pressionar os custos, não impediu um aumento de 17,3% no volume importado.
Esse movimento elevou o consumo aparente para R$ 37,6 bilhões em maio, alta de 24% em relação ao mesmo mês de 2024, com os produtos importados respondendo por 46,5% desse total - percentual superior aos 45,9% registrados em 2024. A China ampliou sua participação para 32,4% das importações brasileiras, quase o dobro do índice observado em 2015 (16,6%).
A crescente penetração de máquinas importadas em diversos segmentos preocupa, sobretudo nos setores de infraestrutura, indústria de transformação e componentes, que apresentaram taxas de penetração superiores a 50%. Este cenário reforça a necessidade de políticas estruturais que aumentem a competitividade da indústria nacional frente à concorrência internacional muitas vezes amparada por subsídios.
Apesar dos bons resultados no primeiro semestre, o setor deve enfrentar uma desaceleração no segundo semestre de 2025. As razões são múltiplas:
A base de comparação elevada, especialmente a partir do segundo semestre de 2024;
O impacto acumulado da política monetária restritiva, com juros ainda altos e crédito escasso;
Ainda assim, a ABIMAQ mantém a projeção de crescimento anual da receita líquida em 2025 em 3,7%, refletindo uma retomada gradual e sustentada do setor.
A ABIMAQ continuará acompanhando atentamente os indicadores do setor e atuando de forma estratégica para impulsionar a indústria nacional. Reforçamos nosso compromisso com a defesa de políticas que estimulem a produção local, promovam a inovação e assegurem a geração de empregos qualificados.
Cristina Zanella
Diretora do Departamento de Economia e Estatística da ABIMAQ