Investimentos realizados no primeiro bimestre são insuficientes para a reposição do estoque
No mês de fevereiro de 2017, os investimentos em máquinas e equipamentos registraram queda de 11,8%, em relação ao mês de janeiro de 2017. No 1º bimestre, o recuo foi de 22,4%, em relação ao mesmo período de 2016.
Os altos índices de endividamento das indústrias e a capacidade ociosa elevada, combinados com a instabilidade política e incertezas em relação a uma retomada do consumo, continuam inviabilizando a decisão de investimento.
O pouco investimento em curso, menos da metade do observado no período pré-crise, é insuficiente para a reposição do estoque.
Emprego
A indústria de máquinas e equipamentos encerrou o mês de fevereiro/17 com 292,6 mil pessoas ocupadas, mesmo número observado em janeiro/17, o que poderia sinalizar a estabilidade do nível de emprego no setor.
Na comparação interanual, houve, porém, redução de 18,3 mil postos de trabalho, uma queda de 5,9%.
Desde 2013, quando teve início a queda de faturamento da indústria de máquinas, já foram eliminados mais de 87 mil postos de trabalho no setor.
Comércio exterior
A apreciação do Real ocorrida em 2016 continua em 2017 e voltou a prejudicar a competitividade da indústria de transformação brasileira.
No último mês, a moeda brasileira voltou para a casa dos R$/US$ 3,10.
O ganho proporcionado pelo efeito Trump foi completamente devolvido pela apreciação do fim do ano passado e início deste. A taxa de câmbio não foi afetada nem pela subida da taxa de juros nos Estados Unidos.
Exportação
O crescimento das exportações no mês de fevereiro de 2017 (36,2%) não compensou a queda observada em janeiro (38,7%). Assim, as exportações acumularam queda de 3,6%, no 1º bimestre, numa tendência já observada ao longo de todo o ano passado.
Verificou-se um aumento das exportações para a América Latina, puxado, principalmente, pelo Mercosul, que aumentou 19,7% suas compras de máquinas no Brasil.
Para a Europa e EUA, houve queda de 16,5% e 9,1%, respectivamente.
Importação
Na importação de máquinas e equipamentos houve queda de 21,1%, no mês de fevereiro, em relação ao mês de janeiro de 2017. Na comparação interanual (fev-17 contra fev-16), as importações recuaram 14,0% e, no 1º bimestre, a queda foi de 14,9%.
A queda do preço dos importados, proporcionada pela valorização de mais de 20% da moeda nacional, não motivou a aquisição de novas máquinas.
Houve ligeiro crescimento nas importações de máquinas dos Estados Unidos (+0,8%), que mantiveram a primeira posição no ranking em valores. A China e a Alemanha, com participação de 19,2% e 15,3% no total de máquinas importadas, respectivamente, reduziram suas vendas para o Brasil.
Utilização da Capacidade Instalada e carteira de pedidos
O NUCI – Nível de Utilização da Capacidade Instalada, em fevereiro/17, foi 0,8% superior ao observado no mês imediatamente anterior e 6,1% maior que o do mesmo mês de 2016.
Assim como pode ser observado na análise de vendas, a utilização da capacidade instalada estabilizou em nível baixo, a partir do 1º sem de 2016.
A carteira de pedidos, medida em meses, apresentou o pior resultado da série histórica iniciada em 1999, 2,4 meses para atendimento, -6,6%, em relação a janeiro, e -7,4%, em relação a fev/16.
Consumo aparente R$ billhões constantes
O consumo aparente de máquinas e equipamentos, soma da produção direcionada ao mercado interno às importações, recuou, no mês de fevereiro, 11,8%, ao passar de R$ 6,9 bilhões, em janeiro de 2017, para R$ 6,2 bilhões, em fev/17. No ano, os investimentos em máquinas e equipamentos recuaram 22,4%.
Com essa nova queda, os investimentos produtivos passaram ao menor nível da série histórica iniciada em 1999 e chegou a 40% da média mensal de 2013 (R$ 15 bilhões). É um nível bastante baixo para manutenção do parque industrial brasileiro, que não garante sequer a taxa de reposição do estoque de capital fixo.
Na ponta, a queda foi puxada, principalmente, pelo menor nível de importações, que recuaram 21,1%, reduzindo sua participação nos investimentos nacionais de 66,8%, em 2016, para 55,6%, em 2017.
Essa queda mostra que ainda é prematuro anunciar uma retomada dos investimentos.
Receita líquida de vendas
Curva de comportamento
No mês de janeiro de 2017, houve aumento de 14,5% nas vendas de máquinas e equipamentos, em relação ao mês de janeiro de 2017. No entanto, em relação a 2016, houve queda tanto sobre o mês de fevereiro (-17%) quanto sobre o mesmo bimestre (-10,1%).
Esse crescimento, na comparação com o mês anterior, foi sazonal e apenas reduziu parte da queda observada em janeiro (19,7%). No ano, as vendas acumularam queda de 10%.
Os resultados dos últimos meses refletiram oscilações das vendas em torno de R$ 5 bilhões, que é metade dos valores mensais no período pré-crise (R$ 10 bilhões ao mês).
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