Embora os recursos equalizados de vários programas de investimentos do BNDES já tenham se esgotado, Agricultura considera que ainda não é o momento para mudanças
Embora os recursos equalizados de vários programas de investimentos do BNDES neste Plano Safra (2021/22) já tenham se esgotado, o Ministério da Agricultura considera que ainda não é o momento para fazer remanejamentos entre as linhas de crédito rural para atender às demandas mais fortes.
O secretário de Política Agrícola da Pasta, Guilherme Bastos, disse que não faltam recursos para o financiamento dos produtores. Mais bancos entraram na operação dos recursos equalizados de investimentos nesta safra e dividem a participação com o BNDES, que tinha quase hegemonia nessa área até recentemente. Agora, são 12 instituições.
`É cedo para remanejamentos, são apenas dois meses e meio de safra. Não dá para dizer que está faltando recurso`, afirmou. Segundo ele, embora os protocolos de financiamentos estejam fechados no BNDES, os dados do Sistema de Operações do Crédito Rural e do Proagro (Sicor) do Banco Central ainda não mostram esgotamento.
O ministério pode solicitar o remanejamento de recursos em quatro momentos da safra: setembro, novembro, fevereiro e maio. A Pasta vai monitorar o desempenho das aplicações e, se necessário, poderá intervir em novembro, disse Bastos. Segundo ele, o ideal seria remanejar recursos de linhas dentro da própria instituição financeira, e não de uma para outra, para não gerar complicações adicionais aos tomadores.
A medida pode não ser suficiente, na opinião de Pedro Estevão, presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (ABIMAQ). Ele disse que as possibilidades atuais de remanejamentos são pequenas, pois não há grandes saldos de sobra nas linhas de investimentos que permanecem abertas, como o Moderfrota. `O ideal seria um aporte de recursos. Mas isso esbarra no aumento de subvenção, o que está bem difícil pela situação do orçamento`.
Essa conjuntura pode gerar impactos na previsão de recorde nas vendas de máquinas agrícolas este ano, com faturamento real 38% acima do apurado em 2020. Apesar da disponibilidade de recursos livres, ofertados por BNDES e Banco do Brasil, por exemplo, `fora do Plano Safra` os juros são maiores.
Principal linha para aquisição de máquinas e implementos agrícolas, o Moderfrota segue aberto no BNDES, com R$ 1,1 bilhão, ou 24% do total, segundo a ABIMAQ. Para a agricultura empresarial restam recursos para investimentos via ABC Ambiental (R$ 25,2 milhões) e Moderagro (R$ 472,5 milhões). Para a Febraban, o remanejamento é necessário, mesmo em novembro.