Rio – Os preços da indústria subiram 1,31% na passagem de maio para junho, resultado superior à alta registrada na passagem de abril para maio (0,99%). O acumulado no ano atingiu 19,11%, o maior para este mês na série histórica iniciada em 2014. O acumulado em 12 meses também foi recorde, chegando a 36,81%. Os dados são do Índice de Preços ao Produtor (IPP), divulgado ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A taxa de junho é a 23ª positiva consecutiva na comparação mensal. A pesquisa mede a variação dos preços de produtos na “porta da fábrica”, sem impostos e frete, de 24 atividades das indústrias extrativas e da transformação. Dessas, 18 tiveram variações positivas em junho. A maior influência no índice veio das indústrias extrativas, que representou 0,60 ponto percentual, seguido por outros produtos químicos (0,19 p.p.), produtos de metal (0,08 p.p.) e máquinas, aparelhos e materiais elétricos (0,07 p.p.).
“Grande parte dessa variação de 1,31% se explica pelo que ocorreu com os preços das indústrias extrativas”, afirma o gerente de análise e metodologia, Alexandre Brandão. “Depois de dois meses consecutivos com variações negativas na comparação mês contra mês imediatamente anterior, os preços do setor subiram, em média, 8,71%, devido à variação dos preços em dólar no mercado internacional, apesar da apreciação do real no período”, acrescenta.
Outra alta relevante se deu em produtos de metal (2,80%), a segunda maior variação observada no mês entre todos os setores das indústrias extrativas e de transformação analisados na pesquisa, além de apresentar a terceira maior influência na variação da Indústria frente a maio (0,08 p.p.). Conforme vem ocorrendo desde o início do ano, o aumento em junho se justifica, em grande parte, pelos maiores preços das matérias-primas utilizadas no setor, em especial o aço.
Entre as quatro atividades que mais sofreram alta de preços no mês, além das indústrias extrativas (8,71%) e dos produtos de metal (2,80%), estão as indústrias de máquinas, aparelhos e materiais elétricos (2,60%) e minerais não metálicos (2,50%).
Em relação às grandes categorias econômicas, o IPP registrou alta de 0,71% em bens de capital; 1,56% em bens intermediários; e 1,01% em bens de consumo, sendo que 2,03% foi a variação observada em bens de consumo duráveis e 0,81% em bens de consumo semiduráveis e não duráveis.
Pesquisa – O IPP tem como principal objetivo mensurar a mudança média dos preços de venda recebidos pelos produtores domésticos de bens e serviços, bem como sua evolução ao longo do tempo, sinalizando as tendências inflacionárias de curto prazo no país. Constitui, assim, um indicador essencial para o acompanhamento macroeconômico e um valioso instrumento analítico para tomadores de decisão, públicos ou privados.
A pesquisa investiga, em pouco mais de 2.100 empresas, os preços recebidos pelo produtor, isentos de impostos, tarifas e fretes e definidos segundo as práticas comerciais mais usuais. Coletam-se cerca de 6 mil preços mensalmente. (Com informações da Agência IBGE).
Confiança do setor apresenta melhora
São Paulo – A confiança da indústria brasileira registrou em julho leve avanço e chegou ao nível mais elevado desde o começo do ano depois do terceiro aumento seguido, apontou ontem a Fundação Getulio Vargas (FGV).
Os dados mostraram que o Índice de Confiança da Indústria (ICI) ganhou 0,8 ponto e foi a 108,4 pontos em julho, chegando ao maior valor desde janeiro (111,3 pontos).
“A confiança da indústria avança pelo terceiro mês consecutivo influenciada por uma acomodação das avaliações sobre o momento em patamar alto mas com desaceleração do otimismo das empresas em relação aos próximos meses”, explicou em nota a economista da FGV/Ibre, Claudia Perdigão.
No mês de julho, o Índice de Situação Atual (ISA) subiu pela segunda vez, em 0,5 ponto, indo a 111,8 pontos. Já o Índice de Expectativas (IE), indicador da percepção dos empresários sobre os próximos meses, teve alta de 0,9 ponto, a 104,9 pontos, no terceiro mês seguido de ganho mas desacelerando o ritmo de altas.
Mas Perdigão alertou para uma série de obstáculos que podem prejudicar o cenário à frente.
“As empresas ainda enfrentam um cenário de escassez de insumo, possibilidade de racionamento energético e alta incerteza econômica que tendem a limitar uma alta mais expressiva da confiança nos próximos meses”, disse ela.
Dos indicadores que integram o IE, a produção prevista para os próximos três meses foi o único que se manteve relativamente estável ao passar de 100,9 para 100,6 pontos. O indicador que captura o emprego previsto para os próximos três meses aumentou 1,4 ponto, para 108,3 pontos, maior valor desde janeiro de 2021 (108,6 pontos). A tendência dos negócios para os próximos seis meses também subiu 1,4 ponto, para 105,4 pontos, maior valor desde fevereiro (107,1 pontos).
O Nível de Utilização da Capacidade Instalada subiu 0,7 ponto percentual, para 80,1%, maior valor desde novembro de 2014 (80,3%). (Reuters)
Bens de capital: faturamento avança
São Paulo – O faturamento da indústria brasileira de máquinas e equipamentos cresceu 45,4% em junho na comparação com o mesmo mês do ano passado, totalizando R$ 17,5 bilhões em 2021. Em relação ao mês anterior, no entanto, houve estabilidade, com variação de -0,1%. Os dados foram divulgados ontem pela Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (ABIMAQ).
Nos últimos 12 meses, as vendas do setor totalizaram R$ 198,7 bilhões, alta de 27,9%. No primeiro semestre do ano, a receita do setor cresceu 40,3% na comparação com igual período de 2020. O faturamento de janeiro a junho passou de R$ 100,2 bilhões. Para este ano, a ABIMAQ estima crescimento de 18% a 20% no setor.
Segundo a entidade, os resultados são explicados pela manutenção do crescimento nos setores ligados ao agronegócio e pela recuperação das áreas ligadas ao consumo de bens duráveis e semiduráveis. O alto crescimento, acima de 45%, também é justificado porque a base de comparação em 2020 é baixa, tendo em vista as medidas sanitárias exigidas para controle da pandemia de Covid-19.
“O crescimento agora está muito grande, de 27,9% [semestral], mas estamos já prevendo um crescimento até o final deste ano que deve ficar entre 18% e 20%. Não é que vai desacelerar, o setor vai continuar acelerado, mas a base baixa vai sendo diluída com outras bases maiores do ano anterior”, explicou o presidente da ABIMAQ, José Velloso.
Ele acrescenta que “[os números] poderiam ser melhores, se não fossem as exportações que ainda estão ruins em relação à média que tiveram no ano passado”. De uma forma geral, os resultados são considerados animadores para a indústria de máquinas e equipamentos, mas ainda estão 23,8% abaixo da média entre os anos de 2010 e 2013.
Em relação aos empregos, foram criados 61 mil postos de trabalho em junho, na comparação com o ano passado. O setor emprega 357 mil pessoas diretamente. (ABr)
Fonte: Diário do Comércio - MG